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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Exposição Bem do Brasil está no Recife-PE

A exposição Bem do Brasil – Patrimônio Histórico e Artístico reúne obras de todas as regiões brasileiras. 

A mostra tem como objetivo sensibilizar a sociedade para a apreensão dos significados da diversidade cultural e do valor dos acervos culturais — das artes sacras à cultura popular e erudita do país
Do cenários da religiosidade há castiçais, oratórios, imagens de reis, santas e santos, ex-votos de romeiros e cajados de Pai de Santo

arte ganha vida nas cerâmicas indígenas, nas carrancas, nas máscaras, bonecos e instrumentos. Há também obras de Taunay, Djanira, Guignard, Di Cavalcanti, Segall, Athos Bulcão e Mestre Valentim.
Dos saberes e fazeres do sabor brasileiro tem de formas de madeira para fazer a rapadura da cana-de-açúcar a prensas de madeira para moldar o queijo e alambiques de cobre para destilar a cachaça.
Bem do Brasil – Patrimônio Histórico e Artístico
Casa do Patrimônio de Recife
Até 15 de março
Das 8h às 12h e das 13h às 17h

fonte:
babel das artes

Boneca Karajá é Patrimônio Cultural do Brasil



As bonecas Karajá (Ritxòkò) agora estão registradas no livro dos Saberes e no Livro Formas de Expressão do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional – Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil

A proposta foi apresentada ao Iphan pelas lideranças indígenas das aldeias Buridina e Bdè-Burè, em Aruanã, Goiás – GO, e das aldeias Santa Isabel do Morro, Watau e Werebia, da Ilha do Bananal, Tocantins – TO. O projeto Bonecas Karajá: Arte, Memória e Identidade Indígena no Araguaia foi iniciado em 2009 e as cerâmicas ritxòkò  foram tombadas em janeiro de 2012.

O Ofício e os Modos de Fazer Bonecas Karajá são uma referência cultural significativa para o povo Karajá e para o país.  A confecção é exclusivamente feita por mulheres e envolve técnicas tradicionais transmitidas de geração a geração.

O modo de fazer segue algumas etapas: extração e preparação do barro, modelagem das figuras e queima e, ao final, pintura. A pintura e os adereços  identificam o Karajá homem ou mulher, jovem ou velho, solteiro ou casado.
Bonecas Karajá é Patrimônio brasileiro. Confeccionadas exclusivamente por mulheres, as bonecas de cerâmica ritxòkò expressam os aspectos da identidade Karajá.

Fonte babel das artes

Colecionadores brasileiros investem em museus próprios

Na esteira de Inhotim, cresce no país o número de espaços para abrigar acervos particulares e exibi-los ao público



Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto, com a mostra "O Colecionador de sonhos", com curadoria de Agnaldo Farias
Foto: Divulgação 



RIO - Depois da iniciativa do empresário Bernardo Paz, que construiu Inhotim, o maior centro de arte contemporânea do Brasil, outros colecionadores brasileiros apostam em abrir seus acervos ao público. São cada vez mais frequentes as coleções particulares acessíveis a visitantes ou até mesmo transformadas em institutos. Em São Paulo, já existem pelo menos dois acervos privados que podem ser vistos por quem se interessar. Há ainda iniciativas semelhantes no Rio Grande do Sul e no Espírito Santo. São, digamos, museus particulares para crítico nenhum botar defeito.
Como Bernardo Paz, que, num primeiro momento de seu instituto, recebia visitantes com hora marcada, o colecionador Oswaldo Corrêa da Costa criou um espaço para sua coleção, que pode ser vista em Pinheiros, em São Paulo, com agendamento prévio. Aos 53 anos, o economista aposentado diz que não lhe agradava o fato de seu acervo, que completa 40 anos em 2013, ser "um tanto estéril". Custeou (sem o uso de leis de incentivo) a reforma do espaço de 130 metros quadrados de área expositiva e outros 130 de subsolo e reserva técnica. Organiza no local, batizado de Coleção Particular, exposições trimestrais, que são, como afirma, "tentativas de compreender a própria coleção".
— Morei a maior parte da vida nos Estados Unidos, no Canadá e em países da Europa, onde há sempre coleções particulares abertas ao público. Estranhava que isso não existisse no Brasil. O exemplo de Inhotim foi fantástico, pena que é fora de mão — avalia o colecionador.
O modelo que impera no país, segundo ele, é o de coleções valiosas fechadas nos grandes apartamentos dos colecionadores, que recebem visitas restritas aos interesses do mercado das artes plásticas. Durante a Bienal de São Paulo, por exemplo, são frequentes os jantares e encontros para marchands internacionais nas "casas das coleções". Dono de obras de Hélio Oiticica, Mira Schendel, Leda Catunda, Leonilson e Antonio Dias, entre outros (são mais de 500 obras), Costa diz que, embora abra sua coleção, são raras as "pessoas comuns" interessadas em vê-la.
— Recebi até hoje 200 pessoas, algo como cinco por semana. Acho que os brasileiros ainda não estão acostumados — diz ele, que abre as portas da Coleção Particular apenas de quarta a sexta-feira. — Gostaria de ter mais tempo, mas, se fosse abrir direto, teria de contratar recepcionista, segurança. Evito ter muitos gastos, porque faço tudo sozinho.
Há colecionadores que se inspiram no modelo atual de Inhotim, institucionalizado e aberto como um museu. Nada, é claro, tem as dimensões do empreendimento de Bernardo Paz, que, recentemente, em entrevista ao GLOBO, disse que pretendia transformar seu centro cultural (com dois milhões de metros quadrados e estimado em US$ 200 milhões) numa espécie de "Disney das artes plásticas". Em Ribeirão Preto, o economista João Carlos de Figueiredo Ferraz, de 60 anos, inaugurou no final de 2011 um instituto que leva seu sobrenome — e guarda a coleção, de quase mil obras, formada por ele e por sua mulher, a arquiteta Dulce de Figueiredo Ferraz. Paulistano, ele escolheu a cidade do interior do estado para viver e construir sua usina de açúcar nos anos 1980, década em que iniciou sua coleção de obras de arte. Nos últimos anos, vinha tentando enviar seu acervo por comodato para instituições da capital e, sem sucesso, decidiu construir seu próprio instituto.
Inaugurado no fim do ano, o Instituto Figueiredo Ferraz é uma das maiores iniciativas recentes para expor uma coleção particular. São 2.500 metros quadrados de área construída e quatro salas de exposição, divididas em dois andares. Há ainda uma reserva técnica, um auditório para 60 pessoas, biblioteca, jardim, escritório e bar para os dias de eventos. Questionado sobre os custos da construção, patrocínios ou uso de leis de incentivo fiscal, o instituto informou que não comenta tais temas.
O Figueiredo Ferraz possui obras de artistas como Tunga, Vik Muniz, Tatiana Blass, Antonio Dias, Adriana Varejão e Nuno Ramos. Na inauguração, o instituto convidou Agnaldo Farias, curador da última Bienal de São Paulo, para selecionar as obras da primeira exposição, "O colecionador de sonhos".
— A ideia de abrir ao público foi uma consequência da abertura do espaço. Não fazia o menor sentido mantê-lo fechado sendo que essas obras fazem parte do patrimônio cultural da Humanidade e portanto devem ser vistas — diz Ferraz. — Inhotim é um exemplo extraordinário e deve ser aplaudido, mas acredito que nossa história seja um pouco diferente: enquanto eles compraram obras para ocupar um espaço, nós tivemos que achar um espaço para receber uma coleção que se formou nos últimos 30 anos.
Agnaldo Farias vê a iniciativa de mostrar uma coleção privada ao público como "algo naturalmente muito generoso e que dá visibilidade a uma obra que acabaria fora da vista do público". Farias acompanhou a formação da coleção de Ferraz, que, na década de 1990, "já se mostrava consistente". Para o curador, porém, o modelo ainda "engatinha" no mercado brasileiro.
— O próprio colecionismo no país ainda está se constituindo. É preciso se profissionalizar, porque há muita compra errada, muita volúpia de compra, que não configura uma coleção — diz Farias.
Colecionadora desde os anos 1960, a artista plástica Vera Chaves Barcellos, de 74 anos, diz que se cansou de ver as obras de seu acervo pessoal "em casa ou mal depositadas". Ela e o marido, o também artista e colecionador Patrício Farias, decidiram construir uma reserva técnica em 2005. A coleção seguiu crescendo e, em 2010, o casal criou um espaço em Viamão, a cerca de 20 quilômetros de Porto Alegre (RS). Hoje, estão prestes a inaugurar a segunda reserva, e seu espaço expositivo, de 400 metros quadrados, recebe a quarta exposição do acervo do casal.
— Ganhamos agora um edital do Ministério da Cultura para contratar um especialista em arte que vai atender as escolas que nos visitam — conta Vera, que, em parceria com o governo local, já recebe alunos de escolas da região.
Em São Mateus, no Espírito Santo, o escritor Maciel de Aguiar, de 60 anos, custeou a construção de dois prédios nos últimos 30 anos para abrigar sua coleção, composta principalmente de peças da cultura afro-brasileira. O Museu África Brasil deverá ter mais cinco prédios. Num deles, Aguiar vai exibir pinturas de Heitor dos Prazeres e objetos do período da escravidão, como troncos e algemas.
— A ideia não é minha, é do Darcy Ribeiro. Ele dizia que o país deveria ter um museu para reunir tudo sobre a escravidão. É o que pretendo. Sei que é um projeto grandioso e gostaria de ter parceiros — diz Aguiar, que banca a coleção e as construções com a venda de livros que escreveu sobre Pelé e Oscar Niemeyer.
O recente crescimento de coleções abertas ao público é acompanhado pela empresária Regina Pinho de Almeida, de 50 anos. Colecionadora desde os 25, ela se voltou na última década para a arte contemporânea brasileira e tem convidado outros colecionadores para reunir seus acervos num mesmo lugar.
— Todos se entusiasmam com a ideia, mas ninguém fecha — resigna-se Regina.
"A vaidade existe", completa a colecionadora, mas um dos motivos que espantariam os colegas é a necessidade de "regularização das obras, muitas vezes adquiridas em compras internas", ou seja, sem recibo.
— Muitos têm medo da questão legal, porque, até pouco tempo atrás, não se comprava com nota fiscal. Hoje, só compro com nota. Mas, para expor uma coleção, todas as obras teriam que ser regularizadas. A questão tributária é outro problema. Para uma pessoa física não é fácil conseguir incentivo e bancar todo o processo.
Fenômeno deve continuar
Para o colecionador Mariano Marcondes Ferraz, de 46 anos, que vive na Suíça e tem seu acervo nas casas da Europa e do Rio, a abertura ao público de coleções particulares é "um fenômeno que deve ocorrer no Brasil nos próximos dez anos, assim como ocorreu a profissionalização das galerias brasileiras nos últimos tempos".
— Hoje, existe um interesse maior em colecionar arte. Temos mais galerias e mais colecionadores, um reflexo do que está acontecendo no Brasil, de mercado aquecido. Além disso, a qualidade dos artistas brasileiros é excepcional, o que propicia a procura de visitas a coleções privadas — avalia ele. — Ter um espaço dedicado à sua coleção e torná-la acessível a mais pessoas é um sonho que todo colecionador tem.


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