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terça-feira, 2 de abril de 2013

http://www.jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=3&n=41569

Museus —grandes, pequenos, estatais ou com financiamento privado— estão sendo abertos em ritmo acelerado na China. Só em 2011, foram 390.

Até recentemente, os museus de arte contemporânea da China eram privados, como entidades corporativas ou como vitrines para a vaidade de colecionadores ricos. Em outubro, um importante precedente foi estabelecido com a abertura do Museu de Arte Contemporânea de Xangai, primeiro museu chinês de arte contemporânea a ter patrocínio estatal.

O Estado demorou para admitir a importância internacional da arte chinesa, mas quando o fez foi de forma bastante arrojada. O museu de Xangai, popularmente conhecido como Usina Elétrica de Arte —ele ocupa as instalações de uma usina do século 19—, é fisicamente espetacular.

Cerca de 2.500 km a oeste de Xangai, na cidade-oásis de Dunhuang, na beira do deserto de Gobi, outro museu, bem menos convencional do que a Usina, está em construção.

Seu propósito não é o de atrair multidões para ver novas produções, mas sim de mantê-las afastadas do contanto nocivo com a arte antiga: os murais budistas, em rápida deterioração, que recobrem o interior de centenas de grutas na região de Dunhuang. Pintados entre os séculos 4° e 14, num ponto central da Rota da Seda, os murais nas grutas constituem um museu virtual da cultura cosmopolita chinesa ao longo de um milênio.

Os museus de Xangai e de Dunhuang partilham de uma qualidade típica das novas instituições culturais da China: a ambição. Com frequência, isso se mede simplesmente pelo tamanho.
Quando o Museu Nacional da China, em Pequim, reabriu após uma reforma em 2011, falou-se muito, oficialmente, de ele ser o maior museu do mundo.

O gosto pelo gigantismo ficou evidente outra vez em Xangai em 2012. No mesmo dia de outubro em que a Usina foi aberta, a cidade ganhou outro museu estatal, o Museu de Arte da China, às vezes chamado de Palácio da Arte da China. Dedicado principalmente ao modernismo chinês do século 20, fica numa excêntrica estrutura de laca vermelha.

Há muitos outros museus em Xangai, porém menores. A maioria é particular. Pelo menos dois, o Museu de Arte Minsheng e o Museu de Arte Rockbund, têm sólidas reputações.

O Minsheng, patrocinado por um banco, é especializado em arte chinesa contemporânea.
O Rockbund funciona sem acervo fixo, só com coleções temporárias. É notável por destacar a arte não chinesa.

Uma mistura internacional é a regra no crescente número de “museus da vaidade”, criados por colecionadores privados. No final do ano passado, Liu Yiqian, bilionário investidor de Xangai, e sua mulher, Wang Wei, abriram o seu Museu do Dragão, com um acervo de bronzes antigos, pinturas da era Mao e obras contemporâneas. O casal tem planos para outro museu.

A China ainda não tem nenhum museu que ofereça uma visão histórica abrangente da arte contemporânea nacional nos últimos 30 anos.

O governo está dando grande ênfase a Dunhuang. As grutas budistas são encontradas em vários lugares dessa região, mas a ampla maioria, cerca de 700, está entalhada em longos penhascos num lugar chamado Mogao, a vários quilômetros da cidade.

Segundo a lenda, no século 4°, um monge errante foi atraído a Mogao por uma visão de luzes piscantes. Acreditando ser aquele um local sagrado, ele esculpiu uma gruta no penhasco e ali ficou. Outros monges chegaram e mais grutas foram escavadas.

A existência de Mogao acabou esquecida, mas, em 1900, uma sucessão de exploradores —da Europa, da Rússia, do Japão e dos Estados Unidos— entrou em cena, arrancou em lascas as pinturas e as mandou para seus países.

A China começou a restaurar as grutas na década de 1940. Com o tempo, sua mística cresceu. Em 1979, quando foram reabertas ao público, 20 mil visitantes apareceram. No final da década de 2000, a contagem anual superava 800 mil. A essa altura, o dano às pinturas, por causa da exposição à umidade e ao dióxido de carbono gerados por humanos, se tornou severa. Hoje, a maior parte das grutas está fechada.

Para preservar Mogao como obra de arte e destino turístico, um centro de visitantes será inaugurado neste ano. Os turistas então irão de ônibus a Mogao, onde verão algumas cavernas e um museu de artefatos —como esculturas portáteis, têxteis e rolos manuscritos.

Dunhuang tem lugar especial no imaginário cultural chinês.

Cuidar de lá é emendar negligências do passado. Ver a arte dessas grutas no seu lugar, na beira do deserto, é uma experiência profunda.

Como nas questões da cultura contemporânea, a China está fazendo perguntas, sobre a natureza da arte e a função dos museus, que raramente consideramos. A longa curva de aprendizado museológico da China tem muito a nos ensinar.

fonte:
http://www.opovo.com.br/app/opovo/thenewyorktimes/2013/04/01/noticiasnewyorktimes,3031734/status-da-arte-chinesa-gera-onda-de-novos-museus.shtml

Museu Náutico exibe embarcação restaurada


 Quem visita a 15ª Festa do Mar, nos pavilhões do Porto Velho de Rio Grande, tem a oportunidade de conhecer o resultado da restauração e interpretação no novo item do acervo do Museu Náutico, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) - o veleiro "Rebôjo". Com 55 anos de idade, o barco tem 9,10m de comprimento, dois mastros, deslocamento de três toneladas e encanta pela beleza das formas.



Museu Náutico exibe embarcação restaurada
Embarcação foi construída há 55 anos


Trata-se de um veleiro utilizado não apenas como uma embarcação de recreio dos proprietários. Conforme o diretor do Complexo de Museus da Furg, Lauro Barcellos, o "Rebôjo" fazia mesmo as vezes, de fato, de um verdadeiro barco-escola de toda uma geração de navegadores da região.

A construção do "Rebôjo" teve início em 1958, por iniciativa de dois amigos navegantes - Carlos Hermes Lehn e Nésio Ferreira Martins. O projeto do argentino Manoel Campos era muito adequado à navegação na Lagoa dos Patos, dadas as similaridades com o Rio da Prata, para o qual o projeto fora originariamente desenhado, notadamente em função do pouco calado.

No início da construção, foi muito importante a participação de Mendes Neto, proprietário de estabelecimento comercial de materiais de construção, que possibilitou, para aquisição da madeira a ser empregada, prioridade na escolha de madeira selecionada do interior de três vagões de trem da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS). Assim, foi possível a obtenção de madeiras nobres nas medidas adequadas.

Para a quilha e escantilhões foi utilizada grápia; nas cavernas e sarretas, bem como no fundo, empregou-se louro. Costado e cabine foram feitos em cedro. Rodas de proa e popa de angico e, para o convés, compensado naval, este uma novidade à época.

Apesar de ambos os sócios terem experiência em carpintaria, não o tinham em construção naval. Por isto, foi indispensável a participação de outro amigo, Estevão Plana Martins Jr. - o Estevinho - grande mestre e carpinteiro da ribeira, que dominava a técnica de queimar as tábuas do costado, cujo emprego era necessário, dado o pronunciamento da curvatura das tábuas.

De acordo com Lauro Barcellos, dentre algumas das dificuldades, é digno de nota o fato de não se contar, à época, com brocas de aço rápido para a furação de aço inox, o que era feito mesmo com o emprego de brocas de aço carbono, à razão de uma broca para cada dois furos. Outro fato peculiar foi a adaptação de uma máquina de fabricar pregos pertencente à Leal Santos S/A, para possibilitar a confecção de rebites de cobre, tendo sido utilizados 3.600 deles apenas no costado, uma vez que no fundo foram usados parafusos de latão.

O "Rebôjo" teve de ir para a água em 1964, com o interior inacabado improvisado, por ocasião da mudança da sede do Rio Grande Yacht Club (RGYC), que da doca da usina elétrica, no final da rua 24 de Maio, cujo terreno tinha de ser entregue, passou para as atuais instalações do clube, ao lado de onde, atualmente, se situa o Museu Oceanográfico.

"Desde então", conta Barcellos, "até meados dos anos 1980 não foram poucos os velejadores que aprenderam, sob o comando do mestre Nésio, oriundo de uma família de navegadores das lagoas da região, acerca da náutica e da vida."

O projeto de adequação e remontagem foi executado pelo diretor do Complexo de Museus da Furg, Lauro Barcellos, acompanhado de Henrique José Vieira da Fonseca, Maurício Aresso e José Vernetti. Apoiaram o projeto e execução do restauro o Rio Grande Yacht Club, Indústrias Alimentícias Leal Santos  Ltda., Wilson Sons Agência Marítima Ltda. - Rio Grande, Tecon Rio Grande S/A - Rio Grande, Supermercados Guanabara - Rio Grande, V.F. Combustíveis Ltda ( Posto do Guto ) - Rio Grande, Pescal S/A - Rio Grande, Coninco Ltda - Santos e Praticagem da Lagoa dos Patos.

fonte:
http://www.jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=3&n=41569

Sem emendas, PL sobre Museu Mello Leitão aguarda parecer de deputado


O tucano César Colnago é relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara


Encerrou-se na última semana o prazo para a apresentação de emendas, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara Federal, ao Projeto de Lei 7.437/2010, que cria o Instituto Nacional da Mata Atlântica pela transferência do Museu Mello Leitão, localizado em Santa Teresa (região serrana do Estado), do Ministério da Cultura para o Ministério da Ciência e Tecnologia, demanda antiga de entidades e pesquisadores do Estado.
 
Agora, o projeto aguarda o parecer de seu relator, o deputado capixaba César Colnago (PSDB). Ele assumiu a relatoria após ter o seu apoio exigido por entidades, em especial a Associação dos Amigos do Museu de Biologia Mello Leitão (Sambio), uma das principais defensoras do projeto.
 
A CCJC é a última comissão pela qual o projeto tem que passar antes de ir para o plenário da casa. O PL já foi aprovado nas comissões da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional (CAINDR), Ciência e Tecnologia (CCTCI), Trabalho e Administração (CTASP) e de Finanças e Tributo (CFT).
 
A proposta foi feita em 2010 pelo governo federal. A transferência do museu para o Ministério da Ciência e Tecnologia lhe trará mais recursos, hoje escassos. O museu se encontra desestruturado e a sua transformação em instituto é a esperança de dias melhores para seus servidores.
 
Além do Instituto Nacional da Mata Atlântica, o projeto cria o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste, o Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal e o Instituto Nacional das Águas.
 
O Museu Mello Leitão foi criado em 1949 pelo naturalista Augusto Ruschi (1915-1986) e é uma das principais instituições ligadas ao patrimônio natural do País. Em Santa Teresa, ele controla as estações biológicas de Santa Lúcia e Caixa D'água. Mesmo com restrições orçamentárias e carência de recursos humanos, o museu é considerado referência nacional e internacional no apoio à pesquisa e conservação da mata atlântica, um dos cinco biomas prioritários em todo o mundo em termos de conservação da biodiversidade.
 
A demora na transferência da responsabilidade do Ministério da Cultura para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) sobre a administração do Museu de Biologia Mello Leitão (MBML) prejudica a instituição. A indefinição impede que o MCT faça investimentos e, por outro lado, desestimula o Ministério da Cultura a investir em uma administração que não será mais dele.
 
fonte:
http://www.seculodiario.com.br/exibir.php?id=5720&secao=10

Após passar seis anos fechado, Museu do Trem será reaberto no Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Fechado desde 2007, o Museu do Trem, no bairro do Engenho de Dentro, na zona norte da capital fluminense, será reaberto ao público amanhã (2). Guardião das maiores referências da memória ferroviária brasileira, o museu teve seu prédio e seu acervo tombados em 2011 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A área onde está situado o Museu do Trem abrigou por décadas as oficinas da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), que chegaram a ser as maiores da América Latina e influíram até na formação do bairro do Engenho de Dentro. A maior parte do terreno, no entanto, é hoje ocupada pelo Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, construído para os Jogos Panamericanos de 2007.

Acervo do Museu do Trem, composto de mais de mil itens, será aberto ao público nesta terça-feira (2)
Acervo do Museu do Trem, composto de mais de mil itens, será aberto ao público nesta terça-feira (2)
O museu e sua coleção pertenciam à RFFSA, mas com a extinção da estatal, há seis anos, o acervo foi absorvido pelo Iphan. Segundo o órgão, os mais de mil itens passaram, ao longo desse período, por um criterioso inventário.

O historiador Bartolomeu d'El-Rei Pinto, que desde julho do ano passado responsável pelo museu, disse que a sua reabertura vinha sendo reivindicada há tempos por associações de antigos funcionários da RFFSA e por vários interesssados na memória do transporte ferroviário. “É o único museu dedicado ao trem no estado do Rio de Janeiro, e o único espaço cultural do bairro. As pessoas passavam por aqui e batiam na porta para ver o museu, mesmo sabendo que ele estava fechado”, declarou.

O grande destaque da coleção é a locomotiva Baroneza, fabricada na Inglaterra, movida a vapor e a primeira a trafegar na Estrada de Ferro de Petrópolis, ferrovia pioneira do país, implantada pelo Barão de Mauá. Outros itens importantes são um vagão usado pelo ex-presidente Getúlio Vargas e outro usado pelo o rei Alberto, da Bélgica, quando esteve em visita oficial ao Brasil, em 1922.

Utensílios, mobiliário dos trens e equipamentos ferroviários também estão expostos no museu.
De acordo com o historiador, para reabrir o espaço foi preciso apenas uma revisão na parte elétrica e no sistema de iluminação. “O acervo vinha sendo mantido limpo e arrumado”, disse. No entanto, por falta de funcionários, o museu não poderá abrir, pelo menos por enquanto, nos fins de semana.
A visitação pública será de segunda a sexta-feira, das 10h às 15h, com entrada franca. As escolas poderão agendar visitas guiadas pelo telefone (21) 2233-7483, também disponível para informações em geral. O Museu do Trem fica na Rua Arquias Cordeiro, 1.046, no Engenho de Dentro, zona norte do Rio.

fonte:
http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2013/04/01/apos-passar-seis-anos-fechado-museu-do-trem-sera-reaberto-no-rio-de-janeiro/

Arquivo Público do Estado publica acervo do Deops na internet

Agência FAPESP – O Arquivo Público do Estado de São Paulo lançou oficialmente na segunda-feira (01/04) uma parte importante do seu acervo digitalizado na internet, no site “Memória Política e Resistência”. O material inclui mais de 274 mil fichas e 12,8 mil prontuários produzidos pelo Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops), pelo Departamento de Comunicação Social e pelo Dops de Santos ao longo de um período que abrangeu duas ditaduras brasileiras.

O projeto teve apoio da FAPESP, que auxiliou a compra de equipamentos para a digitalização, do Ministério da Justiça (projetos "Marcas da Memória") e da Casa Civil da Presidência da República (projeto "Memórias Reveladas").

O Deops-SP, denominado Delegacia de Ordem Política e Social em sua origem e, posteriormente, como última denominação, Departamento Estadual de Ordem Política e Social, foi criado em 30 de dezembro de 1924, por meio da Lei nº 2.034/24, que visava reorganizar a polícia do Estado.

"O órgão tinha como objetivo prevenir e reprimir delitos considerados de ordem política e social contra a segurança do Estado. Para isso, desenvolveu um grande aparato para monitoramento das atividades de pessoas e grupos considerados potencialmente perigosos à ordem vigente. Um dos principais instrumentos utilizados por essa vigilância foi a documentação: o acervo Deops-SP foi constituído, ao longo dos anos, pela documentação produzida por esse órgão e também de documentos apreendidos pelos órgãos de repressão. Sendo assim, podemos entendê-la como um espelho da forma de funcionamento das estruturas repressivas no Estado de São Paulo", destacam os organizadores do site.

O acervo do Deops é composto por quatro conjuntos principais: Ordem Social, Ordem Política, Dossiês e Prontuários. Também conta com publicações como os Livros de Portaria do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo e Livros de Inquéritos. 

"O esforço de digitalização e publicação dos documentos do Deops, assim como nosso trabalho de gestão documental, garante o acesso da população às informações que lhe dizem respeito”, disse o coordenador do Arquivo Público do Estado, Carlos Bacellar.

Lauro Ávila Pereira, diretor do Departamento de Preservação e Difusão do Acervo, lembrou outro aspecto da publicação online desses documentos. “Esta iniciativa pode ajudar a identificação daqueles agentes públicos que, durante a época da ditadura, cometeram violações dos Direitos Humanos. Temos que lembrar que o Brasil é um dos poucos países da América do Sul onde esse tipo de crime jamais foi punido”, disse. Pereira ressaltou também a importância didática do acervo na internet, que pode ser utilizado pelos professores em sala de aula com mais facilidade. 

O governador Geraldo Alckmin participou da cerimônia de lançamento. "As pessoas podem ter acesso de casa, não tem nenhuma senha, é tudo público. É muito importante no sentido de transparência e de informação para as famílias das vítimas do período da ditadura", disse.

Projetos Temáticos
Entre 1924 e 1983, o Deops vigiou pessoas, instituições e movimentos políticos e sociais, funcionando como um dos principais braços da repressão do Estado brasileiro, em especial durante o primeiro governo Vargas (1930-1945) e do regime militar de 1964 a 1985.

O site é a segunda etapa de um projeto maior iniciado pelo Proin - Projeto Integrado Arquivo do Estado/Universidade de São Paulo (USP) em 1999. O material sobre o órgão foi liberado para consulta pública apenas em 1994, quase dez anos após o fim da ditadura. Os documentos, no entanto, eram de difícil acesso. "Não havia ainda uma base de dados que facilitasse a busca de processos por cidadãos fichados e/ou presos por crime político", disse a pesquisadora Maria Luiza Tucci Carneiro, professora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, pioneira no estudo do material.

Depois de desenvolver entre 1995 e 1996 com outros seis pesquisadores um projeto financiado pelo Instituto Goethe sobre a presença de nazistas e refugiados judeus no Brasil depois da 2ª Guerra Mundial, Tucci Carneiro obteve apoio da FAPESP por meio da modalidade Projetos Temáticos para a criação de um arquivo virtual dos documentos do Deops – contribuindo com um inventário para o site que foi lançado agora.

O trabalho desenvolvido ao longo de cerca de oito anos pode ser conferido no site do Proin, que ainda hoje publica os resultados de suas pesquisas. Sob a orientação de Tucci Carneiro, uma equipe de 30 pesquisadores digitou a partir de 1999 as mais de 185 mil fichas da delegacia. “Na época não tínhamos equipamentos nem uma base de dados capazes de efetuar uma busca avançada junto às fichas policiais”, disse a coordenadora do projeto.

Desde o ano 2000, as fichas nominais dos prontuários podem ser consultadas pela internet, com a identificação do nome do "prontuariado" e o número do processo.

Além disso, foram digitalizadas e colocadas no site as primeiras páginas dos jornais, panfletos e livros confiscados durante os autos de busca nas residências dos suspeitos ou das associações. Sob a coordenação do professor Boris Kossoy, da Escola de Comunicação e Artes da USP, o Proin desenvolveu ainda um inventário de fotografias confiscadas dos álbuns de família ou produzidas pelo Laboratório de Fotografia do Gabinete de Investigação/Deops, que eram anexadas aos prontuários.
“Através do projeto de digitalização do Fundo Deops entre 1999-2010, conhecemos não apenas o documento/artefato, mas também conseguimos recuperar a lógica da polícia naquela época”, disse.
Além de Tucci Carneiro e Kossoy, participaram do projeto do Proin as professoras Elizabeth Cancelli (FFLCH-USP), Priscila Perazzo (Universidade Santo André), Regina Pedroso (Universidade Mackenzie), os professores Carlos Alberto Boucault, Pádua Fernandes e Álvaro Andreucci (Uninove).  

Outro projeto temático com apoio da FAPESP foi desenvolvido por Maria Aparecida Aquino, hoje da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ue mapeou a série Dossiês/Deops.
Nos prontuários, tem-se acesso a ficha policial, relatórios de investigação, ordens de prisão, relação de impressos apreendidos (livros, jornais, panfletos), tudo o que ajudasse a “provar” que a pessoa vigiada era criminosa, incluindo fotos de álbuns de família e as produzidas pela própria polícia. “Os prontuários têm documentação valiosíssima”, disse Tucci Carneiro.

Se na primeira etapa as fichas foram digitadas e apenas parte do material digitalizado, agora o prontuário poderá ser consultado online na íntegra, facilitando o trabalho de pesquisadores.
O material já rendeu muitas dissertações de mestrado e teses de doutorado, além de livros, como A Imprensa Confiscada pelo Deops, 1924-1983, escrito por Tucci Carneiro em coautoria com Boris Kossoy (Ateliê Editorial; Imprensa Oficial e Arquivo do Estado, 2003), que foi premiado com o Jabuti em 2004, na categoria Ciências Humanas. Dois novos inventários estão prestes a ser lançados, sob a organização de Tucci Carneiro:“Panfletos sediciosos” e "É proibido ler: livros e as bibliotecas proibidas".

Agora, o material está sendo disponibilizado na íntegra, mas por partes. Calcula-se que o conteúdo que já está no ar forma 10% do que virá a ser disponibilizado.

fonte: Fapesp