O que tramou o falsificador Mark Landis?

O falsificador norte-americano, apesar de ter enganado vários museus e galerias, não pode ser acusado de nenhum crime, uma vez que limitou-se a oferecer as obras e nunca recebeu qualquer valor monetário. Os museus aceitaram e até exibiram obras suas, convencidos de que se tratavam de obras de arte verdadeiras. Era conhecido como altruísta, um bom colecionador de arte e bom patrono, que oferecia obras raras, de pintores, na maior parte das vezes de autores pouco conhecidos, aos museus. 

“É óbvio que não é crime dar um quadro a um museu, e os museus tratavam-me como realeza”, explica Ladis à BBC, que conta hoje a história do artista, salientando que apreciava a forma como era tratado pelos responsáveis dos museus e colecionadores de arte. 

Ainda jovem, foi diagnosticado esquizofrenia a Mark Landis, encontrando na pintura a melhor forma de se expressar. Contudo, Landis nunca criava, simplesmente imitava obras de arte com a intensão de impressionar a mãe. 

Mark Landis estudava o tipo de obras que cada museu exibia e depois copiava. O seu trabalho era de tal forma eficaz que nunca procurou usar complexos produtos químicos e técnicas de quem falsifica arte para ganhar a vida. 

“Não tenho paciência para isso”, explica. “Compro os meus produtos no Walmart ou Woolworth”, grandes superfícies que habitualmente têm descontos. “E depois faço-o numa hora ou duas”. 

O esquema de doação de pinturas só foi descoberto, em 2008, por um dos responsáveis do museu de Oklahoma. Landis ofereceu ao museu, de uma só vez, cinco pinturas que dizia serem de Paul Signac. Após uma pesquisa feita pelo responsável do museu em questão, foram encontradas referências, em dois outros museus, de obras de Signac, creditadas a Mark Landis. Nesse momento foi lançado o alerta. 

Segundo o responsável do museu chegou mesmo a pendurar um falso Louis Valtat ao lado de um Renoir. Numa hora recebeu telefonemas de cerca de vinte instituições a questionarem sobre quem era Mark Landis. Adianta que as obras até tinham um bom nível de falsificação, contudo não passariam numa investigação mais apertada até porque, por exemplo, Landis usava café para envelhecer alguns dos trabalhos. 

Mark Landis enganou dezenas de museus e só foi apanhado porque produziu em série, oferecendo cópias do mesmo trabalho a vários museus. De acordo com o responsável deste museu muitos dos curadores e diretores de museus até se podem ter apercebido da fraude a dada altura, mas mantivessem em silêncio para não serem envergonhados publicamente por não terem reconhecido falsificações à primeira vista. 

Em 2012, este mesmo museu de Oklahoma fez uma exposição com as obras falsificadas de Mark Landis. Para o falsificador, o seu talento para a pintura foi, pela primeira vez, reconhecido e teve direito ao seu próprio público, ainda que as obras fossem cópias. 



Fonte: bservador.pt/noticiasaominuto.com @edisonmariotti #edisonmariotti