Ouvir o texto...

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Antes de 1500, Amazônia teve mais de 8 milhões de indígenas.

Amazônia, berço de civilizações? Se a expressão soa estranha aos seus ouvidos, é porque as descobertas recentes sobre o passado da maior floresta tropical do mundo ainda não tinham sido reunidas num conjunto coerente.


Um grupo de pesquisadores brasileiros e americanos fez exatamente isso -e concluiu que, antes de Cabral, a região amazônica já estava fortemente "domesticada", e não intocada, como muita gente acredita.

As conclusões da equipe, liderada por Charles Clement, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em Manaus) estão em artigo na revista científica britânica "Proceedings B".

Os dados mais recentes apontam, segundo eles, que mais de 80 espécies de plantas selvagens foram transformadas em cultivos agrícolas pelos povos nativos da Amazônia -as mais conhecidas são o cacau, a batata-doce, a mandioca, o tabaco e o abacaxi, além das que ainda são tipicamente amazônicas, como o açaí e o cupuaçu.

Peça de cerâmica Marajoara brasileira no Museu de História Natural de Nova York, EUA. (Nova York, EUA, 20.08.2014

Peça de cerâmica Marajoara brasileira no 

Museu de História Natural de Nova York

A impressionante lista de lavouras "inventadas" pelos indígenas conta só parte da história, porém. Os habitantes originais da região parecem ter domesticado, em certo sentido, até as florestas aparentemente não habitadas por seres humanos.

Isso acontece porque esses povos manejavam a distribuição natural de espécies da mata, favorecendo a predominância de espécies que eram úteis para eles, como as castanheiras que produzem a castanha-do-pará.

Ao longo do tempo, além das plantações propriamente ditas, eles passaram a ficar cercados por "florestas antropogênicas" (ou seja, geradas em grande medida pela ação humana) que facilitavam um bocado sua vida.

GENTE PARA TODO LADO

Esse processo de progressiva domesticação da mata teria ganhado impulso a partir de uns 4.000 anos atrás e, com o tempo, encheu a região com uma população respeitável. Os pesquisadores calculam que a Amazônia pré-cabralina teria abrigado ao menos 8 milhões de habitantes -um número que só seria alcançado pelo Brasil "branco" (somando os moradores de todas as regiões do país) no fim do século 19, segundo dados do IBGE.

A presença de toda essa gente está sinalizada por indícios arqueológicos espalhados de leste a oeste e de norte a sul do território amazônico. Na ilha de Marajó, na foz do Amazonas, um sistema de morros artificiais e uma cerâmica requintada sugerem uma cultura com ampla mão de obra e hierarquia social, com artistas semiespecializados, por exemplo.

Perto da fronteira com o cerrado, a região do Xingu guarda restos de amplas estradas, diques e paliçadas defensivas e manejo intensivo dos rios para a captura de peixes em larga escala. E o Acre conta com os misteriosos geoglifos, formas geométricas que podem ser vistas de avião e podem representar estruturas cerimoniais ou defensivas.


Estrutura no município de Acrelândia, no Acre 

Um dos geoglifos da Amazônia; 
marcas no solo estão ligadas a sítios arqueológicos

Estrutura no município de Acrelândia, no Acre Um dos geoglifos da Amazônia; marcas no solo

Para gerações mais antigas de arqueólogos, tudo isso seria considerado impossível, por uma razão simples: o solo amazônico seria pobre demais para garantir a produção agrícola indispensável ao sustento de uma população densa. As descobertas mais recentes têm mostrado que esse cenário é simplista, diz Wenceslau Teixeira, pesquisador da Embrapa Solos e coautor da pesquisa.

"Um dos grandes problemas da agricultura tropical é a falta de uma reserva de nutrientes no solo. Chove muito e esses nutrientes são lavados -os efeitos da adubação não duram. Acontece que os caras [antigos habitantes da Amazônia] conseguiram criar um solo fértil nesse ambiente", resume Teixeira.

TERRA PRETA

O nome dessa "arma secreta" da agricultura pré-histórica da Amazônia é terra preta -um solo escuro, como sugere o nome, e rico em matéria orgânica.

Calcula-se que ele cubra pouco mais de 0,1% da região -o que parece pouco mas, dado o gigantismo da área e a fertilidade da terra preta, foi o suficiente para impulsionar o crescimento populacional dos povos nativos.

Segundo o pesquisador da Embrapa, ainda não está totalmente claro como a terra preta era criada. "Provavelmente era um sistema de manejo de resíduos. Mais tarde, eles podem ter percebido o potencial desse solo para lavoura", diz o pesquisador.

Entre os "ingredientes" estavam restos de animais consumidos pelos indígenas e carvão vegetal, queimado de forma controlada, que ajudava a reter carbono no solo.

Ele lembra, porém, que a terra preta não era uma panaceia generalizada -no Acre, por exemplo, apesar dos indícios de grupos com vida social complexa, ela não parece ter sido usada para turbinar a produção agrícola.

Assinam ainda o estudo Eduardo Neves, arqueólogo da USP, e o antropólogo Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida, entre outros especialistas.



-
REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA



Cultura brasileira - livro: Viva o povo brasileiro é um romance histórico escrito por João Ubaldo Ribeiro e publicado em 1984.

Apesar de ser baseado em fatos reais da história brasileira, como a ocupação portuguesa, a vinda da família real, o Estado Novo e a Ditadura, é uma narrativa com personagens fictícios. Os fatos da vida destes últimos se entrelaçam com os episódios da trajetória do Brasil como a invasão holandesa, por exemplo. A obra retrata cerca de 400 anos de história do país (se inicia em 1647 e vai até 1977), e boa parte do texto se ambienta na Ilha de Itaparica, apesar de no decorrer da trama outros cenários como Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa, sejam visitados. 



O livro tem vários personagens. Em cada momento da narrativa um se destaca e, mesmo sendo de núcleos diferentes, muitos deles interagem entre si ou têm ligações. Dentre os principais estão: Perilo Ambrósio Góes Farinha (Barão de Pirapuama), Amleto Ferreira, Maria da Fé, Vevé, Patrício Macário, Nego Leléu e Vú.

Apesar de o título aludir a uma exaltação do povo brasileiro o livro conta a trajetória do Brasil de forma crítico-satírica com muitos momentos de comicidade e escracho. Com personagens negros e índios, portugueses e holandeses cada acontecimento do romance representa um fato, situação ou modo de agir que contribuiu para a construção da identidade brasileira.



A miscigenação baseada no estupro, a crueldade com os escravos e a consequente mentalidade casa-grande senzala que se enraizou nas elites brasileiras, a luta do povo negro pela sua libertação e sobrevivência, a hipocrisia, a devassidão e o jeitinho brasileiro são temas retratados de forma fidedigna na trama. 

O livro parte do princípio da existência de múltiplas verdades dentro de uma só verdade e por isso a frase que abre a obra é: "O segredo da Verdade é o seguinte: não existem fatos, só existem histórias.". Viva o Povo Brasileiro ao contar a versão dos oprimidos é uma alternativa a história das elites dominantes que consta nos livros e documentos oficiais. É considerado uma das mais importantes obras da literatura brasileira.





Fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti

colaboração: Marcela Boni 



Cultura - Candomblé no Brasil - Salvador forma primeira turma de empreendedores em terreiros de candomblé

Depois de duas semanas intensas de atividades, com mais de 12 horas de total imersão no mundo do empreendedorismo, a Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Emprego (Sedes), em parceria com o Sebrae, realizou na noite desta quinta-feira (19) a formatura da primeira turma de um projeto inovador na área de empreendedorismo, que busca fomentar e estimular ações empreendedoras em terreiros de candomblé. Em solenidade realizada no Espaço Cultural da Barroquinha, 300 participantes receberam certificado de conclusão do curso.


O evento de encerramento contou com a presença do gestor de Projetos do Sebrae, Fabrício Barreto, da subsecretária da Sedes, Adriana Campelo, da Mãe Jaciara, do Axé Abassá de Ogum, e da coordenadora do projeto, Nívia Santana.

”A iniciativa foi muito interessante. A gente pôde ver e acompanhar o desenvolvimento das turmas despertando o empreendedorismo, inclusive veiculando suas atividades já praticadas através das qualificações nos terreiros. Com certeza isso será transformado em resultados na geração de emprego e renda”, afirmou Fabricio Barreto. De acordo com Adriana Campelo, a iniciativa será estendida a outros terreiros da capital baiana.


“Vamos continuar com esse treinamento em outras casas de axé. Esse primeiro momento foi para jogar uma luz, porque mais trabalho precisa ser feito e estamos dispostos a avançar para a segunda fase dessa iniciativa”, disse a subsecretária. Segundo a coordenadora do projeto, a ação foi realizada em dez bairros da cidade e a próxima fase começa em junho, com o acompanhamento e consultoria para quem quer abrir um negócio.





Cultura e conhecimento são ingredientes essenciais para a sociedade.

A cultura é o único antídoto que existe contra a ausência de amor.

Vamos compartilhar.