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sexta-feira, 7 de abril de 2017

Samba Rock se tornou Patrimônio Cultural Imaterial, na cidade de São Paulo, Brasil. --- Samba Rock became Intangible Cultural Heritage in the city of São Paulo, Brazil.

A cultura samba rock festeja o reconhecimento da manifestação como Patrimônio Cultural Imaterial da cidade de São Paulo assegurado nesta sexta-feira (11) em decisão unânime do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp). O samba rock expressa na música e na dança a resistência paulista da cultura negra nacional que sobrevive ao preconceito e à exclusão. 


Nos bastidores do processo de reconhecimento atuaram músicos, DJs, professores de dança, dançarinos, produtores, pesquisadores e coletivos, que tiveram o apoio da Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo (SMPIR-SP). 

No início da tarde desta sexta-feira, o grupo que esteve na audiência do Conpresp visitou a redação do Portal Vermelho. A comitiva trouxe junto o samba rock em pessoa, ou melhor, em pessoas: estiveram presentes na redação Osvaldo Pereira “Orquestra Invisível”, considerado o primeiro DJ do Brasil; Nereu, músico do Trio Mocotó e o guitarrista do Clube do Balanço, militante do swing, Marco Mattoli.

Mattoli como um mestre de cerimônia e com profundo respeito apresentou Osvaldo e Nereu à reportagem. Eles, entusiasmados pelo título do Conpresp, relembraram as raízes do samba rock. O pandeirista Nereu contou dos primeiros shows com Jorge Ben (hoje Jorge Ben Jor) e da formação do trio Mocotó – e de certa sonoridade pré-samba rock - no bar Jogral em São Paulo, no fim dos anos 60.

Dez anos antes, Osvaldo construía o próprio equipamento de som e passou a animar festas familiares na periferia de São Paulo. As famílias de negros que não podiam pagar para ir aos bailes com orquestras, famosos no final dos anos 50, dançavam ao som da discotecagem de Osvaldo.

Contra a exclusão

“O samba rock surge de maneira espontânea como manifestação cultural da população negra nas periferias da cidade de São Paulo no começo da década de 60. Como em várias culturas afro descentes do mundo, o samba rock nasce da exclusão, desta possibilidade de inserção social”, contou Mattoli durante a apresentação da justificativa para o Conpresp.

E foi nos bailes que surgiu a dança peculiar do samba rock, inspirada em coreografias de danças afro-americanas como samba, salsa e swing americano. Anos depois o encontro entre Jorge Ben e o Trio Mocotó faz surgir uma sonoridade específica para a manifestação.

Estavam criadas as raízes do samba rock com um legado de transmissão de conhecimento entre as famílias, referência musical e de dança e uma metodologia própria de promoção e incentivo ao consumo dessa cultura. 

Políticas Públicas

“Apesar de raramente aparecer na grande mídia, esses bailes mobilizam milhares de paulistanos todos os fins de semana há 50 anos”, informou Mattoli. Para ele, o reconhecimento “é o primeiro passo para fortalecer esta cultura através de políticas públicas”.

Para o secretário da SMPIR, Maurício Pestana, a vitória do samba rock em São Paulo pode inspirar ações relacionadas à valorização das expressões culturais negras em todo o Brasil. “É uma cultura genuinamente paulistana mas que está em todo o Brasil. E todo o Brasil sabe que é paulistano”, lembrou.

Segundo ele, o reconhecimento foi recorde e simbólico. “Esses departamentos são conservadores e ligados à cultura erudita. Neste caso, o coletivo foi muito organizado e contou com a articulação da secretaria da igualdade racial. Um caso que dá certo quando há vontade política”, exemplificou Maurício.


Processo no Conselho

O coletivo que se consolidou em 2013 para requerer o reconhecimento do samba rock se inspirou nos registros obtidos pelo samba do recôncavo baiano (2004), do samba carioca (2007) e do funk carioca (2010). 

Organizaram depoimentos, reuniram artistas, fotos, equipes de bailes, familiares. Criaram uma página no facebook e um grupo de trabalho para redigir a proposta de registro.

Na opinião de Valéria Leão, chefe de gabinete da SMPIR o coletivo realizou um “baita trabalho” de embasamento. “Mostra que buscar o reconhecimento não está tão distante assim se houver uma boa organização e articulação com uma instituição. No caso, a SMPIR ajudou a pautar com mais agilidade o assunto”, ressaltou.

O samba rock se fortalece

A entrevista no Vermelho foi um encontro de gerações do samba rock. “Glamour. As donas muito bem vestidas. Não entrava no baile sem gravata”, relembrou Osvaldo dos bailes de samba rock de anos atrás. A elegância também é mencionada por Leonardo “Gringo” Pirrongelli, integrante do Clube do Balanço. 

“Prima pela elegância, nasce na família, o tio ensina a sobrinha”, observou o uruguaio Leonardo. Ele também ressaltou o caráter paulistano da manifestação. “Quando cheguei a São Paulo conheci o CTN (Centro de Tradições Nordestinas), centro de cultura mineira mas me perguntava qual a cultura de São Paulo? O samba rock é oriundo de São Paulo”, analisou.



Para o dançarino e editor do site sambarock.org, José Xavier, “a música é patrimônio brasileiro mas a dança é paulistana”. E a dança do samba rock é um caso à parte. Dançarinos ou não, paulistanos, cariocas, brasileiros e estrangeiros são atraídos pelos passos. 

Ana Paula é dançarina e professora. Aprendeu na família mas quis se aprimorar. Atualmente, Ana é professora e também coordena uma iniciativa de samba rock para as mulheres em que ela introduziu alguns movimentos que incrementam o acompanhamento das mulheres.

O historiador Felipe Spadari foi aluno de samba rock e hoje é dançarino. O descendente de orientais, Jorge Yoshida é dançarino e pesquisador de samba rock. Ele é um dos primeiros, ao lado de Mattoli e Nego Junior, do samba rock na veia, a levantar a ideia do samba rock como patrimônio.

Durante a entrevista, todos citaram o nome de Tony Hits, personagem importante em promover a visibilidade e o protagonismo do samba rock mas que não pode estar presente naquela ocasião.

Inclusão e diversidade


Compondo o grupo que visitou a redação também estavam o produtor Jair Netto, a expositora Neide Sales, o professor de dança Inácio Loiola (o mosquito) e Julião Vieira, da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO) e assessor da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP).

“Apesar do samba rock ter nascido por conta de uma exclusão social, ele se transformou num exemplo de inclusão e democracia. Eu vejo nos bailes de hoje, aquilo que eu gostaria de ver um dia no mundo. Pessoas de etnias, idades, gêneros, religiões diferentes, convivendo, se respeitando e sabendo se divertir”, concluiu Mattoli.

A primeira comemoração pelo reconhecimento do samba rock como patrimônio cultural imaterial só poderia ser no seu próprio ritual: o baile. E será neste domingo (13), quando o Clube do Balanço se apresenta às 19h, no clube Cruz da Esperança na Casa Verde  (rua Marambaia 802), tradicional abrigo do samba rock. A casa abre a partir das 16h.




video 4:00
https://www.facebook.com/sambarocknaveia/videos/1437195762986783/

Cultura não é o que entra pelos olhos e ouvidos,
mas o que modifica o jeito de olhar e ouvir. 

A cultura e o amor devem estar juntos.

Vamos compartilhar.

Culture is not what enters the eyes and ears, 
but what modifies the way of looking and hearing.









--in via tradutor do google

Samba Rock became Intangible Cultural Heritage in the city of São Paulo, Brazil.

The samba rock culture celebrates the recognition of the manifestation as Intangible Cultural Patrimony of the city of São Paulo assured this Friday (11) in a unanimous decision of the Municipal Council of Preservation of the Historical, Cultural and Environmental Patrimony of São Paulo (Conpresp). Samba rock expresses in music and dance the São Paulo resistance of the national black culture that survives prejudice and exclusion.


Musicians, DJs, dance teachers, dancers, producers, researchers and collectives were present behind the process of recognition, with support from the Municipal Secretariat for the Promotion of Racial Equality of São Paulo (SMPIR-SP).

In the early afternoon of Friday, the group that was in the audience of the Conpresp visited the writing of the Red Portal. The entourage brought together samba rock in person, or rather, in people: Osvaldo Pereira "Invisible Orchestra", considered the first Brazilian DJ; Nereu, musician of the Trio Mocotó and the guitarist of the Balance Club, militant of the swing, Marco Mattoli.

Mattoli as a master of ceremony and with deep respect presented Osvaldo and Nereu to the reportage. They, enthused by the title of Conpresp, remembered the roots of samba rock. Pandeirista Nereu told of the first concerts with Jorge Ben (now Jorge Ben Jor) and the formation of the trio Mocotó - and a certain pre-samba rock sound - at the Jogral bar in São Paulo in the late 60's.

Ten years earlier, Osvaldo built his own sound equipment and started animating family parties in the outskirts of São Paulo. Families of blacks who could not afford to go to dances with orchestras, famous in the late 1950s, danced to the sound of Osvaldo's music.

Against exclusion

"Samba rock emerges spontaneously as a cultural manifestation of the black population in the outskirts of the city of São Paulo in the early 60's. As in many Afro-descendant cultures of the world, samba rock is born of exclusion, this possibility of social insertion" , Said Mattoli during the presentation of the justification for Conpresp.
And it was in the dances that the peculiar dance of samba rock appeared, inspired by choreographies of Afro-American dances like samba, salsa and American swing. Years later the meeting between Jorge Ben and the Trio Mocotó brings forth a specific sonority for the manifestation.

The roots of samba rock were created with a legacy of knowledge transmission among families, a musical and dance reference and a proper methodology for promoting and encouraging the consumption of this culture.

Public policy

"Although it rarely appears in the mainstream media, these dances mobilize thousands of Paulistas every weekend for 50 years," Mattoli said. For him, recognition "is the first step to strengthen this culture through public policies."
For SMPIR secretary Maurício Pestana, the victory of samba rock in São Paulo can inspire actions related to the valorization of black cultural expressions throughout Brazil. "It is a genuinely paulistana culture that is all over Brazil. And all Brazil knows that he is from São Paulo, "he recalled.

According to him, the recognition was record and symbolic. "These departments are conservative and linked to erudite culture. In this case, the collective was very organized and relied on the articulation of the racial equality secretariat. A case that works when there is political will, "exemplified Maurício.

Procedure in the Council

The collective that was consolidated in 2013 to require the recognition of samba rock was inspired by the records obtained by the samba of the Recôncavo Bahia (2004), Samba Carioca (2007) and Funk Carioca (2010).

They organized testimonies, gathered artists, photos, dance teams, family members. They have created a facebook page and a working group to draft the registration proposal.
In the opinion of Valéria Leão, SMPIR's chief of staff, the collective carried out a "solid work" on the ground. "It shows that seeking recognition is not so far away if there is good organization and articulation with an institution. In this case, SMPIR helped to guide the matter more quickly, "he said.

Samba rock strengthens

The interview at the Red was a meeting of generations of samba rock. "Glam. The very well dressed donuts. I did not enter the ball without a tie, "recalled Osvaldo of the samba rock dances of years ago. Elegance is also mentioned by Leonardo "Gringo" Pirrongelli, member of the Balance Club.
"Prima for elegance, born in the family, the uncle teaches the niece," noted the Uruguayan Leonardo. He also stressed the São Paulo character of the demonstration. "When I arrived in São Paulo I met the CTN (Centro de Tradições Nordestinas), a center of culture in Minas Gerais, but I wondered what the culture of São Paulo was? Samba rock comes from São Paulo, "he said.

For the dancer and editor of sambarock.org, José Xavier, "music is Brazilian heritage but dance is from São Paulo". And the samba rock dance is a case in itself. Dancers or not, paulistanos, cariocas, brazilians and foreigners are attracted by the steps.

Ana Paula is a dancer and teacher. He learned in the family but wanted to improve. Currently, Ana is a teacher and also coordinates a samba rock initiative for women in which she introduced some movements that increase the accompaniment of women.

Historian Felipe Spadari was a student of samba rock and today he is a dancer. The descendant of Orientals, Jorge Yoshida is a dancer and researcher of samba rock. He is one of the first, alongside Mattoli and Nego Junior, of samba rock in the vein, to raise the idea of ​​samba rock as patrimony.

During the interview, everyone named Tony Hits, an important person in promoting the visibility and the protagonism of samba rock but that can not be present at that time.

Inclusion and diversity

Composing the group that visited the editorial board were also producer Jair Netto, exhibitor Neide Sales, dance teacher Inácio Loiola (mosquito) and Julião Vieira, of the Union of Blacks for Equality (UNEGRO) and advisor to state legislator Leci Brandão ( PCdoB-SP).

"Although samba rock was born due to social exclusion, it has become an example of inclusion and democracy. I see in the balls of today, what I would like to see one day in the world. People of ethnicities, ages, genres, different religions, living together, respecting each other and knowing how to have fun, "concluded Mattoli.

The first celebration of the recognition of samba rock as intangible cultural heritage could only be in its own ritual: the dance. And it will be this Sunday (13), when the Club do Balanço performs at 7pm, at the Cruz da Esperança club at Casa Verde (Marambaia street 802), a traditional samba rock haven. The house opens from 4pm.

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